Pela manhã acordei com uma imagem partilhada pela minha amiga (filhota emprestada) Ariane na minha timeline, a frase da mesma era:
Alguns Amores vão e vêm, mas nunca vêm em vão
Não resisti e acabei escrevendo o que aqui vou partilhar
O nosso Português (a língua) tem um jeitinho só dele de nos dizer direito o que muitas vezes não queremos ouvir.
O dia dos namorados em Portugal começou na minha
adolescência, antes ou ninguém amava ou amava todos os dias no seu jeito
sossegado ou não de ser. E ai começou a pressão/ melancolia do peso de ter
namorado(a) ou não, de ter tido no ano anterior ou nunca ter tido, etc.
Nada
disto faz sentido, sentimentos e frustrações jogadas à toa, o amor não se
alimenta de um dia, ou se dá tudo num dia e se deixa na prateleira por o resto
do ano, o amor dá trabalho, tanto como a nossa decisão de o fazer resultar e
sentimentos pelo outro, não existe amor só pela metade, ou o amor egoísta,
existe sim pessoas que se amam demais e aos outros de menos, os que amam tanto
o outro e se amam tão pouco que se esquecem deles próprios, dos que acham que o
amor se encontra agarrado ao dever de possuir o outro.
O
erro de dizer és minha ou sou teu. Ninguém é de ninguém, nem deveria ser, só
livres e conscientes do valor que temos, do que queremos, e acima de tudo, do
valor que aquela relação e pessoa tem para o nosso equilíbrio e felicidade é
que podemos construir um futuro a dois.
Outro
erro comum é que para muitos o esforço fica a meio, como se o viver junto ou
casar fosse o objetivo final da relação. O objetivo final é o crescimento
pessoal e do casal, o passar as alegrias e dificuldades mantendo sempre em
vista o que é importante, o todo, não uma parte. E sempre ter presente antes de
proferir uma frase mais agreste se é mesmo necessário e se será a única
solução, é colocar-se só por um momento no lugar do outro e tentar entender
porque age assim, se sente inseguro ou de um jeito diferente do nosso, e se
necessário dar-lhe o espaço ou o abraço que necessita. O olhar o outro pelos
olhos do amor mais do que procurar nele o que tem de menos bom ou nos irrita,
aceitando-o e elogiando o que tem de melhor, nunca, mas nunca tentando o mudar
(quem se pode mudar é o outro e por opção própria). É de jeito calmo e
construtivo conversar com o outro e criar estratégias para corrigir o que não
vai bem e ter a coragem de fazer a sua parte para que resulte. É o valorizar
cada momento e conquista conjunta ou pessoal. E principalmente: ter amor,
confiança, compaixão/compreensão, saber pedir desculpa na hora certa e aprender
a perdoar.
Tanta
coisa ainda faltaria dizer mas, acho que entendeste tudo.
Acredito
que o amor se constrói a cada dia, a cada momento em que entregas ao outro mais
um pouco de amor, honestidade, confiança, partilha e cumplicidade, do jeito
como quando sorris de um erro dele porque te lembras de uns dos teus, do bem
que se sente o coração quando ao fim de um dia menos bom o que queres é mesmo
contar tudo e abraçar o ser que faz parar o mundo lá fora, nem que seja só por
um minuto ou dois. O amor só acaba quando um (ou ambos, mas um normalmente o
faz primeiro) deixa de trabalhar na relação, de a ter como um dos seus objetivos
e em certa altura o outro depois de tanto tentar, muitas vezes já cansado, sem
esperança e dorido acaba por desistir. Sim, o verdadeiro Amor quando morre, não
bem que morre, mais que adormece, se vai de mansinho, sem glória. Tenho a noção
que nesse sentido errei, sofri, cansei, bati no fundo, me curei e no meio tempo
o meu coração adormeceu (Nem todos os amores morrem/adormecem para sempre,
acredito que muitos seria questão de os reacender, de querer mais uma vez
tentar, principalmente se o passo fosse dado por quem primeiramente desistiu).
Nunca amei tanto, tanta gente, mas nunca desde a minha adolescência, no sentido
romântico amei tão pouco como neste momento. Admiro e fico contente por
existirem os amores felizes, dos casais que trabalham para os manter saudáveis,
fortes e com objetivos, acredito no direito e possibilidade de viver um,
respeitando o tempo e o sentir do meu coração no novo eu que me tornei.