No meu olhar vive a minha alma, calma, a minha saudade do que me fez e faz feliz, e mais do que tudo isso, o meu amor.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Impossível, não .... para quem não conhece o que a palavra significa


Hoje o blogue faz dois anos, dois anos de um percurso nem sempre fácil, e muitas vezes até um pouco tortuoso, com alguns abandonos da minha parte.

Mesmo nas alturas em que me remetia ao silencio, em que o deixava por meses, uma coisa era clara para mim, eu não queria desistir, eu queria muito voltar a escrever.

Sendo hoje o dia do aniversário do blogue, poderia ter feito este post com tempo e de uma forma mais cuidada, mas ontem foi o dia de aniversário da minha pagina no facebook, o que me levou a fazer um post sobre o primeiro aniversário da Página "Graceful light", e da experiência que tinha sido geri-la durante este ano. Logo como diz o ditado antigo, deixei tudo para a ultima.

No entanto, o que tenho para contar, é uma linda história de amor, ainda mais linda pela perseverança do jovem casal.

Desde 2011 acompanho um casal de cegonhas, leu bem, Cegonhas. Vejo-as várias vezes no percurso para o meu trabalho. Sigo-as desde o dia que decidiram construir o ninho numa torre de comunicações da PT, num local que eu pensei ser impossível, e acho que a natureza também, porque no inicio da construção do ninho, por diversas vezes o mau tempo deitou todos os ramos, que eles pacientemente tinham levado para o ninho, ao chão.

Um ser humano teria desistido à primeira contrariedade, aceitando a noção de impossibilidade. Talvez tenha sido essa a razão porque numa limpeza à torre destruíram-lhes novamente o ninho.
Iriam eles desistir desta vez, não,  parecia que nada os poderia deter, recomeçaram de novo, seguindo o apelo da sua natureza, a necessidade de construir um lar e dar vida a novas gerações.

Ontem, ao olhar para o ninho, agora enorme, que laboriosamente construíram durante estes dois anos, lembrei-me do quanto eu achava, no inicio, que seria impossível, do quanto me entristeceu ver aqueles pauzinhos por diversas vezes no chão durante o verão invernoso de 2011, acreditando que nesse ano eles não poderiam reproduzir-se e provavelmente no ano seguinte escolheriam outro lugar.
Incrivelmente, contra tudo e todos, eles tinham conseguido e ali estavam, majestosos, olhando uma das mais belas paisagens da Vila de Benavente, como adoraria subir aquela torre para poder só por uns minutos desfrutar daquela vista tão linda.

Durante estes anos, assisti ao mais árduo trabalho, às mais lindas e sentidas serenatas (parecem castanholas, pois eles abrem os bicos e os fecham com tal velocidade que lembram este instrumento musical), aos mais belos bailados, e embora não tenha a certeza disso, a novas gerações, e digo que não tenho a certeza, pois já os vejo grandes, mas duvido que um casal aceite em seu ninho um ou mais elementos que não sejam seus descendentes.

Adoro observar animais, especialmente aves, pelo que tenho visto, acredito que a maioria das cegonhas estão a preparar/começar a sua migração para Sul, ontem eram mais de 50 voando e dançando num espectáculo imponente e lindíssimo. Nunca tinha visto nada assim, foi um quadro quase surreal de fim de tarde, que deve ter confirmado a quem me viu que eu não sou muito normal, pois embora continuasse a andar, os meus olhos não conseguiam se desprender dos céus.

Quando era pequena, acreditávamos que todas as cegonhas partiam, houve mesmo uma altura que devido aos pesticidas pensamos que iriam desaparecer, mas hoje elas recuperaram o seu domínio e contrariamente ao que supúnhamos algumas optam por ficar (o casal que conheço parece ser um deles), e passar connosco os momentos mais duros do Inverno..

Hoje lamento não ter fotografado a construção do ninho, mês após mês, mas pretendo tirar uma foto em breve para colocar neste post. Sou abençoada, por os poder observar, sou ainda mais abençoada por receber os seus ensinamentos a cada novo dia. Nada fazendo com vista a um reconhecimento, diariamente, são a prova viva do sucesso e da superação perante qualquer dificuldade com que se confrontem, mantendo-se juntos e cooperantes, por um bem maior, a sua preservação e a da sua espécie.

A palavra impossível foi criada pelos humanos, não existe na natureza, deveríamos bani-la para permitir aos nossos filhos, a construção de sonhos reais. A nossa sociedade, cada vez mais afastada da natureza, cria os seus filhos enchendo-os de medos e de impossíveis, cortando a cada nova geração um pouco mais as asas para voar, não nos apercebendo que com isso, limitamos a humanidade e de igual modo a nossa sobrevivência neste planeta lindo.
Muitas doenças colocadas no raio das doenças de défice de atenção não são mais do que falta de usar a imensa energia de uma criança para jogos criativos ou de desgaste, gostamos de os ter fechados, entretidos a ver um filme, seguros no aconchego de um lar. Como seriamos nós, se os nossos pais nos tivessem dado quase tudo e colocado numa gaiola dourada? Teríamos sido felizes?, teríamos tantas memorias para contar? Muitos devido ao cansaço do dia a dia, ou por qualquer outra razão, destituíram-se da função de educadores e deixam que a babá televisão, ou os filmes de animação o façam por nós.

Com o meu amigo casal de cegonhas, aprendi a mais incrível lição de persistência, compromisso e união. Aprendi que quando o desejo é a razão das nossas vidas, não existem impossíveis.
Para este casal, existe a certeza do hoje, nada sabem da incerteza do amanhã, são os donos de uma torre de comunicações com uma vista para toda a Vila e outra para a lezíria onde os cavalos ou as ovelhas vão pastar. São ricos em liberdade, na confiança diária do alimento e na certeza da necessidade de criar uma nova geração a cada ano.

 Seguindo os seus ensinamentos, o blogue mantém-se, e tudo farei para aumentar as postagens e os conteúdos partilhados, sendo que nada é impossível, irei aqui espalhar as sementes dos meus sonhos, regá-las com nuvens de esperança, adubá-las com arco iris de alegria e aguardar pacientemente pelo desenrolar de uma nova vida, a vida que eu desejo viver.

Obrigado por ao longo destes dois anos terem estado desse lado, escrever para vós tem sido um prazer, na verdade, são inúmeras as vezes que ao fazê-lo acabo a sorrir ou rir. Bem Hajam.