No meu olhar vive a minha alma, calma, a minha saudade do que me fez e faz feliz, e mais do que tudo isso, o meu amor.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O meu aniversário





Como detesto mesmo escrever quando estou mais cinzenta, blue como dizem os Ingleses, optei por ficar no silencio. Eu escrevo imenso nessas alturas mas somente para a razão e análise do porquê de estar assim, não um tipo de escrita que deva colocar aqui.

Eu adoro estar alegre, meia tolinha mesmo, com um sorriso de orelha a orelha, só que a palerma aqui não sabe usufruir esses momentos e na maioria das vezes questiona tudo e entra em filmes que só lhe causam medos e sofrimento.

Fiquei pois em silencio, num silencio que quase todos os dia me questionava, começas hoje a escrever novamente, ou ainda não tens a vontade necessária para fazer um post mais alegre, pois aqui este meu amiguinho ultimamente andava a ficar muito deprimente. Por diversas vezes ainda comecei a escrever, mas sempre deixei os textos que comecei incompletos e nada publiquei. Talvez os termine e os publique um dia. Mas hoje, mesmo correndo o risco de deixar o post a meio aqui estou, pois é um dia muito especial para mim, o dia do meu aniversário.


Posso dizer sem mentir que a minha vida sempre andou longe de ser um mar de rosas, mas depois de passar parte do dia em Lisboa com a filhota e enquanto esperava o autocarro para regressar, a melancolia e a tristeza começaram a querer se instalar novamente. Nesse momento, a mão de Deus fez-me observar um ser humano no outro lado da rua, um ser humano com deficiência que depois de sair da farmácia tentava apanhar um táxi. Ai a minha humildade fez-me repensar os meus sentimentos, sentir-me envergonhada com as minhas queixas e agradecer a Deus a graça de tanto eu como a minha filhota sermos "normais". Foi nessa altura que deixei a realidade e pensei o quanto os meus problemas eram mínimos perante os daquela pessoa que entretanto já nem se encontrava mais do lado de lá da rua.

Para aquele ser que Deus me permitiu observar, tudo é uma luta, uma conquista, onde não existe nem pode existir a palavra desistir. Dia, após dia, com as suas limitações ele luta para levar uma vida dita normal. Só o simples facto de se mexer, vestir deve estar cheio de dificuldades, sendo feito num tempo tão longo como sofrido. E por momentos, ali estava ele em frente de mim, não se diminuindo ou remetendo à pena de si próprio mas sim lutando para fazer algo que para nós é básico e habitual, apanhar um transporte para voltar a casa após uma compra na farmácia.

Pensei então que levamos uma vida questionando se estamos bem, bonitos, bem vestidos, se conseguimos ser amados por alguém, se temos ou não temos algo que naquele momento nos parece essencial, quando aquela pessoa se podesse pedir algo somente pediria para se mover bem, para ser "normal". Nós passamos uma vida a querer ser mais que normais, queremos ser especiais e únicos, e de facto somos e poucos de nós damos valor a esse facto. Poucos, na louca vida que vivemos sabemos dar valor às pequenas conquistas que fazemos diariamente, dos milagres que recebemos todos os dias e de quanto estarmos vivos e (como dizemos) normais é uma benção.






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