No meu olhar vive a minha alma, calma, a minha saudade do que me fez e faz feliz, e mais do que tudo isso, o meu amor.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

o meu silêncio de ontem

    
    O meu silêncio de ontem não foi um silêncio foi um apagão,  adormeci perto das dez da noite e só perto da uma da manhã é que acordei pela primeira vez. Foi uma forma do meu corpo desligar de uma realidade que não tem sido tão boa assim. De facto, nada boa.

    Ainda não escrevi sobre isso porque é tão recente e tão baixo que prefiro deixar passar um tempo, pensar e depois de todos os sentimentos com força mais negativa se terem diluído então falar. 
Só posso dizer que me faz mal ver quando as pessoas usam as outras como objectos e a seu belo prazer, quando brincam com os seus sentimentos sem qualquer respeito ou humanidade. Neste caso, não é a religião ou a cultura que está em causa, mas sim a qualidade do carácter do ser que cruza o nosso caminho ou o de outra pessoa. Ver alguém completamente destruído na sua identidade por um manipulador é horrível, quantas mulheres não são vitimas deste jogo pelo mundo fora, tudo porque se encontram carentes de um pouco de afecto ou atenção, de um pouco de romance ou de amor.

     Tenho tentado ajudar alguém que se envolveu numa situação destas, de abuso, alguém que bem poderia ser eu, pois ninguém está livre de que usem a sua bondade e necessidade de carinho num momento mais frágil da sua vida. Ao viver com ela este processo, todos os sentimentos bons e maus me cercam e claro que alguns fazem mesmo mal. 

     Vi-me eu mesma a questionar a minha realidade, a sentir na pele enormes duvidas sobre todos os que me cercam e qual a qualidade da relação, sinto que seria devastador acordar para a mesma realidade que ela acordou. Mas ao mesmo tempo me questiono o que é viver, não é uma sucessão de acontecimentos em que de facto está sempre inerente o risco? Será que os perigos que nos cercam são sempre reais, que a nossa intuição sempre nos alerta, que temos força de no momento decisivo jogar a mesa para o alto e esquecendo as emoções gritar que acabou o jogo. Ou nos deixamos embalar neste jogo doentio por medo de ficar sós, pelo medo de sofrer e embora seja um jogo fazemos uma chantagem básica para o outro não partir, mesmo sabendo que daquela relação já só resta o percurso da degradação.

    Porque sentimos nessa altura que o amor por aquele ser baixo e vil é imprescindível para a nossa felicidade, porque nos agarramos a qualquer migalha de esperança que possa sossegar o nosso já esquartejado coração. Porque continuamos se já sabemos que façamos o que fizermos, a duvida permanecerá para sempre e o sabor da relação nunca mais será o mesmo, porque nos magoamos consecutivamente por alguém que não merece sequer um segundo olhar.

    Ontem ao apagar completamente recarreguei as minha baterias, afastei a negatividade e decidi que por muito que queiramos ajudar nem sempre a outra pessoa está no momento certo para receber e aceitar essa ajuda, que muitas vezes não damos o devido valor a quem nos ama e partilha o nosso dia-a-dia porque eles já fazem parte mobília, estão sempre ali, para quê investir e lhes dar atenção. Aprendi principalmente que é mais fácil usar/manipular ou fazer mal a alguém bom, bondoso e honesto do que fazer a alguém da qualidade do manipulador. Mas acredito que na ultima instância, Deus que que tudo sabe e vê, dará o devido troco, é só uma questão de seguir para a frente com a nossa vida e deixá-lo na Sua Infinita Inteligência actuar.



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