No meu olhar vive a minha alma, calma, a minha saudade do que me fez e faz feliz, e mais do que tudo isso, o meu amor.

sábado, 29 de outubro de 2011

Os meus Donos





Os donos que me pertencem e aos quais eu pertenço são os meus gatos. Cada um deles com uma personalidade única, encantadora, dominante e sedutora. Quero aos poucos falar sobre eles, pois são uma grande ajuda para a minha felicidade e bem estar.


Durante anos, só aceitei cá em casa mamíferos de muito pequeno porte (hamesters, ratinhos, porquinhos da Índia, esquilos e chinchilas). Cães e gatos, apareciam mas acabava sempre por arranjar a quem os dar.

Adoro animais, principalmente mamíferos, durante a infância algo especial nos unia, talvez um magnetismo, um olhar, quase nem precisava falar com eles, bastava os olhar e quase todos os animais dos vizinhos da minha avó acabavam por me seguir. A minha mãe contava-me que uma vez fiquei doente e durante o tempo que estive de cama, 3 cães não saíram da porta de casa onde estava. Seria normal se eles fossem nossos ou eu vivesse sempre ali, mas só lá ia nas férias de Verão. 

Recordo-me de sair todas as manhãs após beber o leite acabadinho de tirar da vaca, e de comer um pão que ainda hoje sinto saudades, a volta era sempre a mesma, mas linda e cheia de surpresas para mim, aos poucos os meus amiguinhos iam se juntando. Seguia o caminho até a um canal que ia dar a um mosteiro, pelo caminho observava os campos, as pessoas trabalhando, as rãs ao sol no canal, tudo me entretia e fascinava. Nunca sabia as horas, só voltava depois de todo o percurso, de todas as paragens, de todos os encontros com os animais, ou apanhar umas amoras selvagens. Era frequente cruzar-me com rebanhos de ovelhas ou meia dúzia de vacas no seu caminho para o pasto, muitas vezes visitava o local onde os meus avós tinham os coelhos, porcos, ou outros animais, quando o fazia acabava sempre por roubar um pêssegos pequeninos que pendiam dos pessegueiros da minha avó.
Só voltava mesmo por fome, cansaço e por saber que a minha mãe detestava que andasse sozinha e a escassos centímetros do canal.

A minha mãe nunca permitiu um gato ou cão em casa, ainda me apanhou um dia a dar banho a um gato na esperança que o aceitasse. O gato apesar da água fria cooperou docilmente, mas nem assim ficou.

Acabei por crescer e decidir ter somente animais que pudesse manter em gaiolas, sempre tive animais, não consigo ficar longe, mas eram somente peludinhos de gaiola. Adorava-os, e ficaria sempre assim se Deus não tivesse outro plano.


Numa fase do Verão começaram a aparecer gatinhos bebés perto de onde eu moro, paredes meias com uma estrada perigosíssima para eles. Os primeiros tentei reencaminhar para uma amante de gatos, mas a certa altura uma acabou por ficar connosco. Ela era uma fera, pequenina mas terrível, nem o meu magnetismo ajudou, levei uma dentada séria da menina quando a agarrei para pôr em casa. Acabei por a deixar ficar no meu quintal, longe dos perigos e de nós, pois ela fazia questão de se esconder e evitar qualquer contacto. O tempo foi passando e dia para dia sabíamos que ficava mais difícil tentar dá-la.


Então decidi conquistá-la, voltei ao meu tempo de menina e fiz um brinquedo para ela, esperei que a noite caísse e abri a janela e coloquei o brinquedo lá fora a balançar, aos poucos um ser negro, pequenino e medroso se aproximou, muito a medo tocou no brinquedo e me deixou tocá-la, a nossa pequena fera já tinha nome, Luna (nome dado pela minha filha), tentei então falar-lhe chamando-a várias vezes de Lu, várias vezes ela recuava e voltava novamente. 


O processo foi tão rápido que em uma semana a Lu já dormia na minha cama, a minha filhota tinha pedido para ficar com ela, e a menina a quem nunca foi permitido ter um gato cedeu, a Luna tinha encontrado o seu lar.


Hoje a Luna tem quatro anos, uma linda história de vida que irei contar aos poucos e três companheiros felinos. Eles e outros que infelizmente já partiram enchem a minha vida de tonteiras, correrias, brincadeiras e muito amor, já não saberia viver sem eles, já não quero viver sem eles. 







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